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Lajes do Pico - Vila Baleeira

Há um movimento desabitual nas ruas do velho burgo lajense. A aproximação da Festa – de Nossa Senhora de Lourdes para os da minha geração, Semana dos Baleeiros para os mais novos – gera sempre o retorno de muitos que partiram para a América do Norte e Continente. Vêm matar saudades – como se a saudade se saciasse com a revisitação de familiares, amigos e lugares onde formaram a sua personalidade.

Quando encontramos os visitantes, temos a impressão de que nunca daqui saíram. A sua memória das pessoas e das situações é tão presente que não fazem nenhum esforço para recordá-las.

Há uma matriz cultural, uma idiossincrasia forjada no isolamento, na distância, na pequenez que geram esta pacatez de vida que compreende e aceita a lentidão do nosso crescimento e a resolução dos problemas. Parece que nenhum de nós saiu daqui. Até retomamos o sotaque e as expressões locais, cuja riqueza vocabular suplanta a conversação urbana. Como se costuma dizer, ninguém de bom senso renega as suas origens.

As Lajes, primeiro povoado da Ilha do Pico, onde desembarcou, com seus homens, Fernão Alvarez Evangelho, foi também o primeiro Município do Pico. Durante 5 séculos a sua população instalou e desenvolveu uma série de actividades económicas, nomeadamente: a caça e transformação da baleia, a captura e transformação de atum, a agro-pecuária e fabricação de queijo. Estas e outras proporcionaram o sustento de tantas famílias. O declínio económico e a abertura da emigração, fizeram com que do concelho tivessem saído milhares de pessoas, famílias inteiras que transportaram consigo as suas duras experiências de vida, os seus saberes e credos e, sobretudo, gente jovem que após tantos anos, vingou nos Estados Unidos e Canadá.

Para trás deixaram uma vila cuja traça urbanística foi delineada para fazer frente às intempéries da vizinhança do mar, e um casario afidalgado que, ainda hoje, é muito apreciado por arquitectos e paisagistas.

Nos últimos vinte anos, a Vila Baleeira sofreu os efeitos da desertificação e do abandono de antigos proprietários, incapazes de remodelarem as suas propriedades. Alguns edifícios antigos (uns propriedades públicas, outros de privados, com processos judiciais que se arrastam há anos sem fim...) foram-se degradando, ameaçam a segurança dos cidadãos e afectam a imagem da Vila.

Isso não impediu que novas construções se fizessem, mas fora do centro urbano. Preocupados com a fixação de jovens casais e com a modernização do parque habitacional, os responsáveis autárquicos, sem planos urbanísticos, autorizaram novas construções nos arredores da Vila, mas com acessos desadequados à mobilidade de pessoas e viaturas. O mal está feito. Importa agora efectuar um planeamento ajustado ao ambiente, à orografia, aos espaços rurais e urbanos da Vila, para dar qualidade de vida às pessoas e responder às solicitações do sector turístico.

Após a proibição da caça à baleia,- a última baleia foi arpoada em 1987 - Serge Viallele instalou-se nas Lajes, sendo precursor, nos Açores, da observação de cetáceos. A par do Museu dos Baleeiros, o mais visitado dos Açores, estas são as maiores atracções da Vila Baleeira e do Pico.

A Semana dos Baleeiros, ou Festa de Nossa Senhora de Lurdes, padroeira dos Baleeiros, penso ser uma oportunidade para repensarmos o futuro desta terra. Em conjunto: os que vivem cá e que daqui são mas se encontram fora, carregados de saudades.

Este ano não é possível discutir tudo isto. Mas a um ano de distância, há tempo que baste para auscultar a opinião de todos os lajenses, e de programar um Seminário, um Congresso, um ciclo de conferências com especialistas em  diversas áreas, onde se analise o presente e se projecte e programe o futuro da Vila Baleeira e do mais antigo concelho picoense.

O desenvolvimento não se faz apenas de reivindicações momentâneas das populações, insertas em manifestos eleitorais. Isso é muito pouco.

O desenvolvimento e o futuro constroem-se com projectos consistentes e mobilizadores integrados nas conjunturas e processos económicos locais, nacionais e internacionais.   Esta é a única dimensão que pode salvar os meios pequenos, cujas potencialidades e particularidades, cada vez mais, cabem na Aldeia Global.

 

 

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